
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
AVISO AOS IMPROVÁVEIS LEITORES

quarta-feira, 26 de novembro de 2008
A RECEITA
É interessante constatar que a cada eleição o processo tende mais a se tornar uma batalha tática onde cada lado tem seus estados e decidem verdadeiramente as eleições onde o jogo parece indefinido. Como nos EUA há a clássica divisão entre estados azuis (Partido Democrata) e vermelhos (Partido Republicano), no Brasil parece estar se consolidando a idéia de tucanos e petistas dominarem certos estados e regiões. Como os partido têm como cores dominantes justamente o azul (PSDB) e o vermelho (PT), até as expressões de estado vermelho ou azul podem ser importadas da América.
O PT forte no Norte-Nordeste e o PSDB-DEM firme no Centro-Sul é um cenário quase certo para as próximas eleições. As arenas onde parecem poder haver maiores reviravoltas e chances de expansão para ambos os lados são Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente segundo e terceiro colégios eleitorais no Brasil.
Esse xadrez inclui outros dois componentes que podem ser decisivos: a força dos palanques estaduais dos dois blocos e para onde as lideranças regionais “com voto” do PMDB irão se inclinar. Este fatores podem não fazer, por exemplo, os tucanos vencerem em um estado petista, mas são importantes para diminuir uma potencial diferença que somados aos seus supostos estados “azuis” podem desequilibrar a balança.
Conservar e ampliar a vantagem em seus estados, vencer em Minas Gerais e Rio de Janeiro, conquistar fortes palanques estaduais e carimbar os caciques bons de urna do PMDB é a receita dos sonhos para 2010 de estrategistas tucanos e petistas.
Segue reportagem abaixo:
O Globo
Merval Pereira
As forças regionais
NOVA YORK. Ao analisar os reflexos dos resultados da eleição municipal deste ano na sucessão presidencial de 2010, os cientistas políticos Octavio Amorim Neto, da Fundação Getulio Vargas, e Cesar Zucco, do Iuperj, fizeram um balanço de seus efeitos sobre a política interna de PT, PSDB e PMDB, partidos de onde provavelmente sairão os principais candidatos, e identificaram os estados-chave para a disputa de 2010. Eles lembram que a viabilidade da oposição em 2010 depende da sua capacidade de diminuir a vantagem governista em algumas regiões, e compensá-la em outras. A vitória da oposição nos estados do Sul e do Sudeste e em dois dos estados do Centro-Oeste (MS e MT) na eleição presidencial de 2006 ocorreu por uma diferença de 4,5 milhões de votos, pequena se comparada com os 10,5 milhões de votos de diferença no restante do país.
A votação de Lula em 2006, lembram os autores, atingiu "níveis sem precedentes no Norte e no Nordeste", parecendo difícil a eles que, no Centro-Sul, um eventual candidato da oposição consiga vantagem muito maior do que obteve em 2006, ou mesmo que supere o desempenho obtido no Rio Grande Sul.
O Estado do Rio, que deu mais de dois milhões de votos de vantagem para Lula, poderia propiciar ganhos para a oposição, mas a vitória de Eduardo Paes, e o conseqüente fortalecimento do popular governador Sérgio Cabral, sugere aos autores que quaisquer avanços do PSDB, principal articulador da campanha de Fernando Gabeira, serão muito limitados.
Sobraria Minas, que, apesar da popularidade do já então governador Aécio Neves, deu um milhão de votos de vantagem para Lula em 2006. Segundo o estudo, reside em Minas o maior potencial de crescimento da oposição na região. Por isso, para os autores, continua em aberto a escolha do candidato do PSDB, uma vez que, sem o apoio entusiástico de Aécio, dificilmente a candidatura de Serra poderá decolar no segundo maior colégio eleitoral da federação e no estado considerado o centro geopolítico do país.
Analisando mais detalhadamente a situação do PSDB, eles destacam que, embora sabidamente dominado por sua ala paulista, os grupos mineiro e cearense sempre foram importantes no partido.
Para eles, no entanto, a "vitória esmagadora" de Serra na cidade de São Paulo, bem como o considerável desempenho do partido no estado, colocaram Serra em posição de vantagem. E a vitória estrondosa de Beto Richa em Curitiba e o relativo declínio da seção cearense deslocaram de vez o eixo do partido para o Sul e Sudeste do país.
Os autores admitem que a atual configuração das forças internas do PSDB é, a princípio, amplamente favorável a José Serra, mas se mostram ainda em dúvida quanto à sua eventual candidatura ser viável em termos nacionais.
Outro fator que poderá contribuir para o fortalecimento de Aécio, segundo os autores, é a busca de apoios para além do DEM. Embora a oposição precise se fortalecer no Nordeste, o PSDB, por conta própria, não tem muitas perspectivas nesta região, necessitando, portanto, de um aliado, analisam eles.
Esse papel foi desempenhado em eleições passadas pelo ex-PFL, mas os autores duvidam que o partido possa continuar ocupando tal posição, pois na análise deles, o DEM deverá ser um parceiro ainda mais minoritário na aliança de centro-direita, por conta da perda de força na Bahia e em Pernambuco.
Assim, se o PSDB ficar restrito a uma aliança somente com o DEM, dizem os autores, terá muito poucas chances de reduzir a vantagem governista no Nordeste, uma vez que, combinados, os dois partidos têm uma presença importante (porém declinante) no Ceará e na Paraíba, presença moderada em Pernambuco, e uma força muito limitada nos demais estados da região.
O PMDB continuará sendo o partido-pivô, na avaliação do estudo. Não bastasse o crescimento da legenda em termos absolutos, ela se fortaleceu particularmente na Bahia e no Ceará, principais eleitorados do Nordeste, mantendo também presença considerável, e sempre maior que a do PSDB, nos demais estados da região, com exceção de Pernambuco.
Os autores ressaltam, porém, que, apesar de ter se beneficiado muitíssimo do alinhamento com o governo, a adesão de importantes segmentos do PMDB ao governo não será automática em 2010. Eles lembram que, em seis dos onze maiores estados do país, o PMDB e o PT estiveram em lados opostos nas eleições nas capitais em 2008.
Em três das mais importantes disputas, o PMDB e o PT foram protagonistas de acirradas disputas: Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. Apesar destas disputas, importantes nomes do PMDB mineiro, gaúcho e baiano presentes no ministério - assim como as negociações com a sua ala paulista para a presidência da Câmara - serão peças-chave para consolidar o apoio de grande parte da agremiação.
Caso o governo consiga manter a fidelidade desses setores do PMDB, a competitividade de uma candidatura de oposição ficará comprometida, analisa o estudo.
No campo governista, Lula preferiu a manutenção de alianças a um fortalecimento irrestrito do PT. Os resultados não foram ruins para o partido, mas foram, na avaliação dos autores, muito melhores para o governo, uma vez que ele conseguiu evitar rachaduras explícitas na sua base de apoio, apesar de complicadas disputas regionais. Para os autores, a derrota do PT paulistano pode, paradoxalmente, ter fortalecido a posição de Lula com respeito à sua própria sucessão.
Eles avaliam que com as vitórias na periferia da capital e uma pequena expansão do partido no interior de São Paulo, Lula passa a ter um controle maior sobre a principal seção do PT, controle que será essencial seja para emplacar um candidato de outro estado, seja para oferecer a cabeça da chapa para um partido aliado - hipótese, segundo os autores, remota, porém não impossível.
sábado, 22 de novembro de 2008
RESPOSTAS DO NORTE

Lula, e não o PT, tem Dilma Roussef como sua pré-candidata oficial. A indicação final depende de muitos fatores, mas se tudo correr como o presidente deseja a escolhida para enfrentar a oposição em 2010 será a ministra, mesmo que por falta de opção. A grande questão interna do PT é que Dilma nunca disputou eleições. Falta experiência para enfrentar os obstáculos que toda candidatura é obrigada a enfrentar. Ainda mais, se tratando de eleições presidenciais com toda a complexidade que as envolvem. (procurar em marcadores do blog Dilma para abordagens mais focadas nesse assunto)
No PSDB, o problema não é ausência de alternativas e sim de como acomodá-las. José Serra e Aécio Neves sabem do dilema petista e não querem perder a oportunidade de enfrentar os petistas sem sua maior figura, Lula, na cabeça de chapa.
E qual a solução para o petismo e o tucanato? Deveriam olhar para o norte e tirar lições de como Democratas e Republicanos escolhem seus indicados para concorrer à presidência norte-americana.
Nos Estados Unidos a decisão é feita através de amplas prévias em todos os estados. A forma como são conduzidas variam em cada unidade da federação e existem duas variantes principais: caucus e primárias. O formato em que a escolha é feita através de delegados é chamada de caucus, enquanto as primárias são por voto direto. Porém, em cada estado há uma especificidade. Por exemplo: enquanto em alguns casos a participação é aberta a todo eleitor, em outros isso é restrito aos registrados do partido que estiver promovendo o processo. (Para saber mais sobre o sistema de prévias americano: http://people.howstuffworks.com/primary1.htm )
Apesar do formato extremamente confuso, o sistema yankee de escolha dos candidatos é um dos elementos vitais da democracia norte-americana. Com ele, os debates se enriquecem, os traços da personalidade de cada um se tornam mais claros e os vencedores do processo ganham inquestionável legitimidade para representar seus partidos. Em uma nação continental como são os Estados Unidos (e o Brasil), outro ponto positivo é a discussão focada na realidade de cada estado. Além dos interesses locais, a variedade de assuntos abordados mostra o real posicionamento de cada candidatura com suas respectivas ideologias e projetos.
Observando tudo isto, está a opinião pública que passa a influenciar decisivamente a opção de Democratas e Republicanos. Exemplo dessa interferência “externa” foi a vitória de Barack Obama sobre Hillary Clinton. Enquanto a esposa de Bill Clinton possuía forte base interna e uma máquina partidária azeitada, Obama venceu trazendo os independentes e a sociedade civil para sua candidatura. (continua...)
RESPOSTAS DO NORTE (2)
No estatuto do PT estão previstas prévias. Inclusive em 2002, Lula acabou candidato depois de vencer Eduardo Suplicy. Entretanto, é um modelo fechado em relação ao americano, onde a opinião pública em geral influencia de forma decisiva todo o processo.
Havendo prévias no PT, a pré-candidata de Lula, Dilma Roussef, poderia ganhar a legitimidade que necessita dentro do partido. Deixaria de a “ungida” do Presidente da República para se tornar a candidata escolhida democraticamente pelos petistas em processo amplo e democrático.
Mesmo que não surjam oponentes à sua pré-candidatura, Dilma ganharia corpo e identificação com militância e setores simpatizante do partido. Como não possui nenhuma experiência eleitoral, as prévias também funcionariam como aprendizado para a corrida rumo ao Planalto. Ganharia principalmente, jogo de cintura com todos os obstáculos que envolvem uma eleição: desde a lida diária com a imprensa, eleitores e políticos até a montagem de uma estrutura sólida para a campanha final.
Um bom exemplo de prévias com candidato único em que esse se fortaleceu e depois saiu vitorioso nas eleições é o de Nicolai Sarkosy, atual presidente francês.
Do lado tucano, vença o favorito José Serra ou o azarão Aécio Neves, prévias amplas seriam uma ótima para o PSDB e seus aliados DEM-PPS. Os pré-candidatos ganhariam projeção fora de suas fronteiras estaduais e afinariam o discurso para a corrida final em 2010. Serviria, acima de tudo, para dividir o palanque com Lula que vive em constante campanha eleitoral desde 2002.
Outro aspecto é que o PSDB teria oportunidade de envolver em sua discussão interna aqueles que não são tucanos, mas tem rejeição ao PT. Poderia também, no decorrer das disputas em cada estado, discutir as realidades locais e se aproximar de regiões como o Nordeste, onde o partido tem difícil penetração.
Enfim, catalisaria uma mobilização interna e externa que o PSDB não conseguiu em 2006 na escolha de Geraldo Alckmin perante a José Serra. Uma das razões da desmobilização foi a rejeição ao formato da definição do indicado. Tal decisão, foi conduzida por cardeais do partido, chamados na época de triunvirato (Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati e Aécio Neves), e que reforçou no tucanato a imagem de um clube elitista onde as decisões vêm dos caciques e pouco importa a voz das ruas.
Alguns dirão que há o risco da disputa fratricida. Mas o medo do atrito, do desgaste, da desunião é covarde por si só. Faz parecer que o PSDB não quer expor seus candidatos.
O exemplo a ser mirado é mais uma vez o do Partido Democrata nos EUA, onde a disputa nunca havia sido tão dura e agressiva. Hillary, depois de derrotada por Obama, entrou de cabeça na campanha democrata ajudando a vencer os republicanos. Tanto é que tem sido cogitada sua indicação para Secretária de Estado (ver excelente reportagem abaixo). Além disso, apesar dos fortes ataques mútuos, mesmo a derrotada Hillary Clinton saiu “maior” do que entrou na batalha democrata.
Não se deve esperar que dois políticos profissionais como Serra ou Aécio vencidos em uma disputa justa e democrática irão fazer “biquinho” e cruzar os braços. Se o PSDB tem a expectativa que isso possa acontecer, somente confirmará a fama de ser ter herdado do PMDB, do qual é originário, a idéia de federação de interesses pessoais. Os projetos personalistas vencerão mais uma vez qualquer coerência partidária e ideológica.
Curioso o fato que os principais oponentes para 2010 tenham que fazer o mesmo dever de casa de pensar além do óbvio. Mas parece que ao invés de refletir sobre suas questões internas, PT e PSDB só têm olhos para sua “noiva” dos sonhos , o PMDB.
(Para mais informações sobre o PT e Dilma; PSDB, Serra e Aécio; procurar pelos nomes nos marcadores)
Segue abaixo ótima abordagem de Merval Pereira em O Globo sobre a indicação de Hillary para Secretária de Estado. (Continua...)
RESPOSTAS DO NORTE (3)
Dupla dos sonhos
Merval Pereira
Num momento de crise financeira internacional, não é a escolha do secretário de Tesouro que está causando mais polêmica na estruturação do futuro governo de Barack Obama, mas sim o de secretário de Estado, não apenas por sua importância intrínseca, mas, sobretudo, pelo nome escolhido, o da senadora Hillary Clinton. Há especulações para todos os gostos sobre a adequação do convite, e foi assim também quando ela esteve cotada para ser a companheira de chapa de Obama, depois da vitória dele nas primárias. Tudo indica que Hillary não foi escolhida para ser a vice mas está sendo convidada para o cargo mais importante do ministério por um detalhe fundamental: sendo nomeada Secretária de Estado, ela pode ser demitida pelo presidente, o que não ocorreria caso tivesse sido eleita na mesma chapa democrata.
E esse também é o ponto mais delicado de seu processo decisório, pois ela teria que renunciar a seu cargo no Senado, ao contrário do que ocorre no Brasil, onde um ministro pode reassumir seu mandato se sair do Ministério.
O processo de escolha também está sendo delicado por implicar uma série de restrições às atividades do ex-presidente Bill Clinton, que tem uma agenda internacional abarrotada de palestras nos mais distintos cantos do mundo.
Há dois problemas aí: um, o potencial conflito de interesses entre a função de sua mulher no governo e os fundos que recebe de governos estrangeiros. O outro tem a ver com seus pronunciamentos sobre questões internacionais, que podem eventualmente constranger a futura Secretária de Estado, quando não simplesmente serem entendidos como uma posição oficial do governo Obama.
Já aconteceu durante as primárias, quando a então candidata Hillary Clinton se pronunciou contra a ação do governo chinês contra os manifestantes que defendiam o Tibet enquanto seu marido recebia altas somas de dinheiro por palestras pagas por uma firma ligada à censura aos manifestantes, segundo denunciou na ocasião o jornal "Los Angeles Times".
A fundação de Clinton recebe doações de governos como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Marrocos e Kuwait, todos países que, de uma maneira ou de outra, estarão envolvidos na política de Oriente Médio que será conduzida por Hillary Clinton à frente da Secretaria de Estado.
O embaraço pode ser maior, sobretudo porque a influência de Clinton na formação do futuro governo democrata está cada vez mais evidente. Larry Summers continua um dos mais cotados para a Secretaria do Tesouro, e, ontem, os rumores eram de que mais um antigo membro de sua equipe deve ser convocado por Barack Obama.
O atual chefe do Escritório de Orçamento do Congresso, Peter Orszag, deve ser o diretor do Escritório da Casa Branca de Gerenciamento e Orçamento. Orszag trabalhou como economista na equipe de Clinton na Casa Branca.
Os primeiros escolhidos para o futuro governo Obama saíram também do grupo de políticos que já trabalhou com o presidente Clinton, como o chefe do gabinete de transição, John Podesta, que foi chefe de gabinete do presidente. Para a mesma função, o presidente eleito já escolheu o deputado Rahm Emanuel, que foi conselheiro de Clinton na Casa Branca de 1993 a 1998.
Emanuel tem proximidade com a senadora Hillary Clinton, com quem trabalhou na tentativa de implantar um sistema de saúde universal no país. Devido aos seus laços com Israel, ele poderá ter também papel importante caso Hillary seja mesmo confirmada como Secretária de Estado, pois uma das tarefas mais importantes será a negociação para um estado palestino.
Ele já tivera, no governo Clinton, participação na assinatura do acordo entre a Organização para Libertação da Palestina e Israel em 1993, entre Yitzhak Rabin e Yasser Arafat, nos jardins da Casa Branca.
As indicações de que Hillary está mesmo interessada no posto são muitas, a começar pela disposição declarada do ex-presidente de até mesmo abrir mão de contratos com governos estrangeiros para facilitar a nomeação.
O processo de escolha passa, neste momento, por uma ampla análise de advogados do grupo de transição para detectar eventuais problemas e como superá-los. Quem está à frente desse processo é o próprio Podesta, o que indica que não haverá constrangimentos para seu antigo chefe.
O ex-presidente, por sua vez, contratou uma equipe de advogados que está negociando com o time da futura administração, e tudo indica que se chegará a um acordo ainda na próxima semana.
O fato de Obama não ter problemas para escolher nomes ligados à administração Clinton para formar seu governo mostra que ele está dando prioridade à experiência, tentando aproveitar as lições do último governo democrata bem sucedido.
As questões políticas que estão sendo levantadas parecem superadas, já que o processo de escolha não atingiria estágio tão avançado se as questões preliminares não estivessem resolvidas. A maior parte dos que opinam sobre o caso reconhece que a senadora Hillary Clinton tem todas as condições para ser uma Secretária de Estado com força política maior do que a atual, Condoleezza Rice, e até mesmo que Colin Powell, que tinha a rejeição de um grupo forte dentro da Casa Branca de Bush, a começar pelo vice-presidente Dick Cheney.
Além de Hillary ter luz própria, o casal Clinton tem relações pessoais com o vice-presidente eleito, Joe Biden, que é um especialista em política externa.
Esta é a dupla dos sonhos do Partido Democrata. A dúvida que fica é se o entendimento entre os dois, depois de uma disputa tão acirrada nas primárias democratas, está realmente solidificado a ponto de não haver dúvidas de que a Secretária de Estado Hillary Clinton falará em nome do presidente Barack Obama.
HOMENAGEM

O Governo Bush se aproxima dos seus últimos dias na Casa Branca com a eleição do primeiro presidente negro dos EUA, Barack Obama. Mas ficará a saudade do primeiro humorista-presidente americano George W Bush. Nunca foi tão fácil rir na América.
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
NOITE DE GALA

terça-feira, 18 de novembro de 2008
DE CARDEAIS A BISPOS

Extinção da espécie
Dora Kraemer
Cabeça no travesseiro na solidão do quarto escuro, cada governador, parlamentar, prefeito ou petista cheio de votos talvez se pergunte por que todos são preteridos pelo presidente Luiz Inácio da Silva na escolha da candidatura do PT à Presidência da República em 2010.O que a ministra Dilma Rousseff tem que eles não têm, a não ser uma vida desprovida de relação com o eleitorado contra carreiras sobejamente testadas, e muitas aprovadas, nas urnas?Se a curiosidade não lhes aguça os espíritos, significa que estão anestesiados. Se a dúvida lhes assola as almas, mas não ousa dizer seu nome, é mais grave: sinal de que estão com medo de confrontar, desagradar ao chefe e, com isso, perder a chance de um dia virem a merecer dele uma unção semelhante. Em qualquer hipótese, o que se tem é um partido de um homem só rodeado de satélites por todos os lados. Não é uma novidade na estrutura de funcionamento do PT, cuja presença País afora e representação no Congresso cresceram sustentadas nas cinco candidaturas de Lula à Presidência da República.A singularidade agora é que Lula não pode ser candidato nem dispõe do poder de conduzir as escolhas do eleitor ao molde de sua popularidade. Constatação singela, óbvia e previsível. Natural, portanto, teria sido o partido, sob a condução de Lula, ter se preparado nos últimos anos para a passagem do bastão. Não a um clone do líder. Este é único em suas características, como de resto é peculiar cada ser humano. Mas a alguém com atributos eleitorais mínimos.
No PT está cheio de gente assim. Tanto está que é com essas pessoas que o partido vem assumindo nos últimos 20 anos o comando de Estados, de um número cada vez maior de prefeituras, aumentando suas bancadas na Câmara, no Senado, nas assembléias legislativas, nas câmaras municipais.Há lideranças para todos os gostos: locais e nacionais. Nenhuma delas, contudo, jamais recebeu o estímulo do investimento como aposta futura do PT. Os poucos que tentaram anteriormente, ou saíram do partido ou ganharam vaga no limbo. Dos três que já tentaram abertamente disputar a legenda para presidente, Cristovam Buarque está fora, no PDT, Eduardo Suplicy não passa nas estreladas goelas e Tarso Genro fica limitado às fronteiras do Rio Grande do Sul.Há muito outros - sem contar os dizimados por escândalos - que poderiam ter cumprido esse papel se houvesse empenho. Não havendo e isso, em tese, contrariando os interesses do partido, só pode haver uma explicação para Lula escolher uma candidata sem-votos e ignorar uma plêiade de companheiros com traquejo e patrimônio eleitorais: impedir o crescimento de alguma liderança que possa vir a lhe fazer sombra. Ou pior, se revelar bem melhor.
sábado, 15 de novembro de 2008
BOMBA ATÔMICA

Do lado petista, a chapa é vista com preocupação, já que alia os principais nomes dos dois maiores colégios eleitorais brasileiros. Porém, deve ser levado em conta outro fator. Essa chapa poderia ser vista com desconfiança fora do Sudeste, especialmente no importante Nordeste, onde o PSDB enfrentará dificuldades em 2010 qualquer que seja o cenário.
O mineiro sempre descarta tal hipótese (o único caminho seria o Senado no caso de ser derrotado), mas isso é mais que natural. Se admitisse desde já tal possibilidade, estaria se colocando por inércia fora da corrida interna contra o favorito Serra.
De toda forma, caso o mais provável aconteça (a indicação de Serra), o caminho a ser seguido deverá ser a formação dessa chapa. Nunca um vice poderia ditar tantas condições e ter tanto peso em uma candidatura como nesse caso com Aécio. Como candidato a vice de Serra, ele poderia superar o maior obstáculo para uma futura candidatura a presidência que é o fato de não ser muito conhecido fora das fronteiras mineiras. Além disso, poderia garantir em um eventual governo do paulista um lugar de proeminência, garantindo seu lugar na fila para 2014 ou 2018.
Enfim, se tem uma característica que nem os mais ferrenhos adversários dão ao governador mineiro é a da burrice. Se necessário, Aécio saberá a vantagem de ser um vice “protagonista”, frente a ser mais um entre 81 senadores.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
DILMA ROUSSEF, CANDIDATA DE LULA

Dilma é a minha candidata, diz Lula
Em Roma, presidente fala que a expectativa é que ministra seja o nome do PT em 2010 com apoio da base aliada
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
EXEMPLO AMERICANO

Ao lado segue seção com alguns dos melhores vídeos das eleições americanas. Recomendação especial para o link abaixo. É um vídeo hilário de Bush (Will Ferrell) dando conselhos à vice-republicana Sarah Palin, brilhantemente interpretada por Tina Fey (algoz e sua vítima na foto acima).
terça-feira, 11 de novembro de 2008
CASE OU MORRA!

O deputado cearense, více-lider na pesquisas presidenciais para 2010, anda sumido da mídia depois de passar as eleições municipais despercebido. Talvez a descrição venha para não chamar a atenção para o fracasso com a candidatura de Patrícia Saboya em Fortaleza. Mas deve haver algo também com um dilema que Ciro Gomes deve estar vivendo.
O pré-candidato do bloquinho (apelido dado ao bloco PSB-PDT –PC do B), para infelicidade de seus apoiadores, aparenta não olhar com tanta sede em relação ao Planalto para 2010. O deputado sabe que o PT não abrirá mão de uma cabeça de chapa para o próximo pleito presidencial. Sem o apoio petista, seu PSB e aliados PC do B e PDT não possuem uma máquina capaz de enfrentar com sucesso uma eleição presidencial.
Além disso, Ciro Gomes traz além de bons números nas pesquisas, uma forte rejeição de setores do sudeste e da mídia nacional ao seu nome. Seus destemperos nas eleições de 2002 parecem ainda estar frescos na memória de muitos eleitores. Por isso, talvez Ciro veja com muito melhores olhos uma candidatura a vice em uma chapa forte. Nessa situação, ele poderia aparar as arestas com os que hoje o vêem com desconfiança e ganhar “musculatura” para 2014 ou 2018. Inclusive, Ciro é o único dos pré-candidatos que já assumiu várias vezes não ter restrições em ser candidato a vice em 2010. (veja reportagem abaixo)
A dificuldade está em “fisgar o noivo”. O PT, principalmente após as eleições municipais, está claramente focado em atrair o fortalecido PMDB para sua chapa. Caso esse arranjo dê certo, não restam muitas alternativas a Ciro e ao bloquinho (PSB-PDT-PC do B).
Já foi aventada até pelo próprio pré-candidato cearense, a possibilidade de uma composição com Aécio Neves. Porém, a ida do governador mineiro para o PMDB é uma distante realidade. Na outra opção do neto de Tancredo, eventual candidatura pelo PSDB, a inimizade de Ciro com Serra, FHC e outros cardeais tucanos condenam a formação da chapa Aécio-Ciro.
Pelo lado do PSB, uma candidatura presidencial, mesmo sem grandes chances de vitórias, pode ser uma boa hipótese. Um candidato com 20% dos votos já é capaz de alavancar o partido nas eleições para governos estaduais, senado e câmara federal e dar o salto que o partido precisa para se tornar definitivamente um dos grandes do sistema político brasileiro.
Outra cenário que os líderes pessedistas e aliados vislumbram com muita esperança é o fracasso do candidato petista, seja Dilma ou outro. Nesse caso, Ciro Gomes poderia unificar boa parte da base aliada do Governo Lula contra o candidato da oposição. E o PT, depois de ver sua tentativa frustrada sem decolar nas pesquisas, apostaria tudo no candidato do bloquinho para barrar uma volta do bloco PSDB-DEM ao Planalto.
Na verdade, tudo depende dos movimentos do PMDB. Ciro deverá passar os próximos meses “secando” a chapa PT-PMDB e à espera que, no caso de algo der errado, estará na porta da igreja à espera de Dilma Roussef para o jogo de 2010. Se isso não ocorrer, depositará todas suas fichas no naufrágio do PT, para que ele possa ser o único representante governista capaz de manter o Planalto sob a órbita petista.
Segue abaixo reportagem do Valor de Raquel Ulhoa sobre o assunto:
PSB tenta revigorar candidatura Ciro
Raquel Ulhôa
O PSB busca formas de revigorar a pré-candidatura do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência da República, para fortalecer o projeto nacional do partido e recolocar um nome da base aliada na mídia e nas articulações políticas - espaço hoje tomado principalmente pelas duas principais opções da oposição, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), ambos do PSDB.
O secretário-geral do PSB, senador Renato Casagrande (ES), avalia que há uma "escassez de candidaturas" a presidente e, nesse cenário, os partidos que dão sustentação ao governo Luiz Inácio Lula da Silva não podem abrir mão de nenhum dos seus concorrentes em potencial: Ciro e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), do PT. "Há déficit de candidaturas. O PMDB não tem candidato. Há Serra ou Aécio, Dilma e Ciro. Quem tem dois candidatos, terá ao menos um. Quem tem apenas um, pode não ter nenhum mais à frente. Não se pode descartar candidaturas. Temos de reenergizar o Ciro", diz.
Segundo ele, preservar as duas opções governistas pode ser importante para a disputa com a oposição em 2010. O senador deixa claro, no entanto, que o PSB não tem compromisso de estar atrelado a uma candidatura petista à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não queremos nos afastar do governo. Queremos que o governo tenha sucesso até o fim. Agora, em 2010, não temos compromisso com ninguém", diz.
Depois das eleições municipais, Ciro deu uma mergulhada, por uma decisão pessoal. Anda sumido da Câmara e pouco tem se manifestado sobre a crise financeira global, embora a economia sempre tenha sido um dos seus assuntos preferidos. "Quem pretende ser candidato tem que ter comportamento de candidato", diz Casagrande. Para ele, na questão da crise, por exemplo, Ciro precisa ser protagonista, opinar mais.
O partido espera que Ciro comece a se movimentar mais, dentro e fora do Congresso, aproximando-se de possíveis aliados no projeto de conquistar a Presidência em 2010. "Não queremos Ciro como candidato do bloco (o chamado "bloquinho", formado por PDT, PCdoB e PSB). Queremos o Ciro como alternativa dos partidos da base do governo", afirma o senador, incluindo o PT e o PMDB no leque de alianças que podem estar juntas em 2010.
Como não haverá eleições em 2009, o PSB quer aproveitar o ano para debates internos e busca de aliados. O primeiro passo é superar quaisquer resquícios de arranhões, deixados pela disputa eleitoral, com os parceiros do "bloquinho". A maior divergência ocorreu em Belo Horizonte, onde o PSB concorreu com Márcio Lacerda - apoiado por Aécio e pelo prefeito Fernando Pimentel (PT) - e o PCdoB, que lançou Jô Moraes.
Depois, buscar estabelecer relações institucionais com todos os partidos da base - aí incluídos PT e PMDB - para tentar construir a viabilidade eleitoral da candidatura de Ciro, nome da base aliada que hoje aparece com mais chances nas pesquisas de intenção de voto - talvez por já ter disputado a Presidência duas vezes.
o contrário do deputado cearense, que admite disputar tanto a presidência quanto a vice-presidência - em chapa de Dilma ou de Aécio -, Casagrande afasta essa possibilidade, pelo menos por enquanto. "A vaga de vice ninguém disputa. Não existe campanha de vice", diz.
Do ponto de vista do partido, ter um candidato a presidente é importante para viabilizar um projeto nacional e favorecer o crescimento da legenda nos Estados. "Se Ciro não quiser, eu saio candidato", diz Casagrande. O presidente do partido, governador Eduardo Campos (PE), é candidato à reeleição e não a presidente, segundo o senador.
domingo, 9 de novembro de 2008
LULA E A FUNÇÃO DE DILMA

O poste de Lula
Ricardo Noblat
Aplicada na semana passada por encomenda do governador Eduardo Campos, pesquisa de opinião conferiu que 82% dos eleitores de Pernambuco avaliam como ótimo e bom o desempenho de Lula. Mas se tivessem de escolher, hoje, o próximo presidente, 41% votariam em José Serra, 18% em Ciro Gomes, 12% em Heloísa Helena e apenas 4% em Dilma Rousseff.Cuidado com o poste aí, Lula. Poste com pretensão de se eleger qualquer coisa precisa de um mínimo de luz própria. Vejam o caso de Márcio Lacerda (PSB), eleito prefeito de Belo Horizonte com o apoio de Fernando Pimentel (PT), o atual prefeito, e do governador Aécio Neves (PSDB). No primeiro turno, Lacerda foi ofuscado pelo brilho de Pimentel e de Aécio. Foi vendido como um verdadeiro poste. Aí cresceu Leonardo Quintão (PMDB), o falso caipira, que até carregou no sotaque mineirinho para atrair mais votos. Deu certo.
Somente os iniciados nos segredos da campanha em Belo Horizonte souberam que Quintão recebeu a ajuda discreta e eficiente do governador José Serra (PSDB). Não faltaram doadores de dinheiro para a campanha dele. Serra não perdoa - mata. E tinha razão para não perdoar. Aécio deu corda em Geraldo Alckmin para que se lançasse candidato a prefeito de São Paulo contra a vontade de Serra. Uma vez eleito, Alckmin jogaria em favor de Aécio para que ele fosse o candidato do PSDB à sucessão de Lula.
Serra aplicou um torniquete tão forte em Alckmin que ele acabou em terceiro lugar. Empurrou Gilberto Kassab (DEM) para o alto. Ajudou Marta Suplicy (PT) a se enterrar. E ainda encontrou tempo para dar uma mãozinha a Quintão. O segundo turno em Belo Horizonte foi uma baixaria só. Cada um dos candidatos chegou a ser rejeitado por 42% dos eleitores. Faltou a Quintão couro forte para resistir a tanta pancada. Lacerda venceu porque finalmente se apresentou como candidato. Deixou de ser um mero poste apagado.
Ainda não se sabe quando, nem como, nem se Dilma de fato deixará um dia de ser poste. Por ora, e como poste, ela presta relevante serviço a Lula. Como ele poderia brecar o surgimento de outros candidatos dentro do PT se não tivesse logo se adiantado e dito que tem um? Da mesma forma, como poderia evitar temporariamente a dispersão dos 13 demais partidos aliados do governo se não acenasse para eles com a perspectiva de uma candidatura que no futuro poderá se tornar viável?
De resto, Dilma representa outra vantagem para Lula. Se ela não decolar nas pesquisas de intenção de voto até meados do próximo ano sairá de campo sem reclamar e agradecida. A candidatura ao governo do Rio Grande do Sul seria um justo prêmio de consolação para ela. Lula não insistirá com um candidato sem chances de vencer salvo se abdicar da pretensão de influir na escolha do seu sucessor. E ele está longe disso. Presidentes rejeitados tentaram fazer seu sucessor - quanto mais um tão popular que só pensa em ser presidente de novo.
É verdade: depois de ter sido reeleito, Lula cogitou durante certo tempo em disputar um terceiro mandato presidencial consecutivo. Consultou amigos de confiança a respeito e até mesmo alguns governadores. Não encontrou boa receptividade à idéia. Desistiu dela. Quero dizer: desistiu de enfrentar uma dura batalha para mudar a Constituição e concorrer a um novo mandato em 2010. Mas não desistiu de se eleger presidente outra vez. Gostou das obrigações do cargo. Gostou das miçangas do poder. Quem não gostaria?
Lula quer voltar em 2014. Ou no ano seguinte caso acabe a reeleição e se aumente o mandato presidencial de quatro para cinco anos. Mais de uma vez Serra já disse que topa trocar o fim da reeleição por um mandato de cinco anos. Aécio Neves também. O Congresso é permeável à proposta. Se a reeleição acabar, Lula poderá ir com Dilma para perder. Outro então que administre os efeitos da crise financeira mundial, até um dia desses chamada por Lula de marolinha.
sábado, 8 de novembro de 2008
PISANDO EM OVOS

A definição do candidato do PSDB ao Planalto em 2010 deve esquentar o ambiente político nos próximos meses. O Governador José Serra (SP) e o Governador Aécio Neves (MG) prometem uma disputa com muitas reviravoltas, caneladas nos bastidores e manobras tanto estridentes quanto silenciosas.
Líder em todas as pesquisas para a presidência em 2010, Serra aponta como favorito à vaga tucana. Governador do principal estado da federação, experiente e com uma forte base de apoio, o paulista tem em 2010 talvez sua última chance de conquistar o lugar de Lula, sonho antigo do presidenciável tucano derrotado em 2002 pelo atual presidente.
Porém, nem tudo são flores para Serra. No xadrez de 2010, a participação de Aécio Neves em uma candidatura Serra é essencial para sua vitória. Aécio tem uma grande parte de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, fechada com seu nome. Em uma eleição que promete uma polarização entre um eixo tucano Sul – São Paulo e petista Nordeste – Norte, Minas Gerais pode ser o fiel da balança com seus mais de 10% dos eleitores nacionais. Por isso, Serra tenderá sempre a ser mais discreto e cuidadoso nesta batalha que promete ser longa e cheia de nuances. Afinal de contas, é assim que os favoritos costumam jogar. Serra tem mostrado que irá controlar seu impulso “trator” para não melindrar Aécio e ter o partido unido com ele em 2010. O paulista é “gato escaldado” de 2002, quando uma batalha com Tasso Jereissati pela candidatura tucana desuniu mortalmente o partido nas eleições conta o PT.
Serra tem ao seu lado o tempo e o status quo, além do medo do PSDB de ir contra as pesquisas como em 2006. Naquele ano, Alckmin ganhou a vaga na marra de um Serra melhor colocado nas pesquisas. O governador paulista possui ainda uma forte base de apoio que vai de boa parte do PIB nacional a muitos dos jornalistas mais influentes do Brasil. No campo partidário, a eleição do Kassab (DEM) em São Paulo trouxe outros importantes apoios. Os Democratas fecharam com seu nome para 2010 e a montagem da aliança atraiu grande parte do PMDB paulista para a “órbita” do tucano paulista.
Entretanto, com esta ampla base de apoio vem também uma legião de fervorosos desafetos espalhados por todo o cenário político. Muitos destes, frutos de ações vistas como truculentas e a partir da lendária obsessão de Serra pela Presidência. Talvez aí esteja o maior desafio: conseguir a vaga pelo PSDB sem reafirmar a fama de atropelar sem piedade os adversários.
Ao contrário de Serra, que traz parte do mais importante estado brasileiro consigo, o governador mineiro traz Minas Gerais praticamente fechada com ele (exceção ao PT de Patrus Ananias e setores do PMDB-MG). A imprensa e o empresariado mineiros estão ansiosos para retomar o papel de destaque que o estado sempre teve na história brasileira. Depois da presidência da câmara nacional e de seis anos de um governo extremamente bem avaliado, Aécio conseguiu a fama de bom gestor e político habilidoso, sempre com o discurso da conciliação entre PT e PSDB na ponta da língua.
O governador mineiro tentou trazer o discurso para a realidade na eleição em BH com a aliança ao PT de Fernando Pimentel. A tese se mostrou “furada” com desconfiança dos eleitores e poucos ecos concretos no resto do Brasil. Até agora o perfil de moderado opositor e próximo de Lula foi útil, mas a tendência agora é Aécio endurecer o discurso contra Lula e o PT, mirando para o público interno do PSDB.
Tanto Serra quanto Aécio devem, a partir de agora, ir contra a forma como sempre conduziram suas carreiras políticas. Serra, o favorito, tem que pisar em ovos com os aecistas, enquanto Aécio deve deixar de lado sua postura mais moderada e cuidadosa e partir para o ataque. Afinal, somente fatos novos podem virar o jogo interno dos tucanos.
Em visita ao Congresso, governador mineiro faz discurso empolgado, enquanto o paulista evita declarações políticas
Adriana Vasconcelos
Com o mesmo objetivo em mente, o de conquistar a vaga de candidato do PSDB à Presidência da República em 2010, mas com estilos diferentes, os dois pré-candidatos tucanos à sucessão do presidente Lula estiveram ontem à tarde no Congresso.
O governador de Minas, Aécio Neves, chegou primeiro e não disfarçou sua condição de candidato a candidato: fez discurso empolgado para a bancada tucana na Câmara, conversou com os presidentes das duas Casas do Legislativo, encontrou-se com dirigentes do PMDB e cumprimentava todo mundo que via pela frente.
Já Serra optou pela discrição: chegou pela garagem do Senado e deu preferência às conversas com os tucanos, embora tenha se encontrado, por acaso, com o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), seu candidato derrotado a prefeito do Rio.
Antes de ir para o Congresso, Aécio teve encontro reservado com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e o líder da bancada peemedebista, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). Temer não só reiterou o interesse do PMDB em ter o governador mineiro no partido, como pediu sua interferência junto à bancada tucana da Câmara em favor de sua candidatura à presidência da Casa.
No discurso na liderança do PSDB na Câmara, diante de uma platéia que se espremia para ouvi-lo, e nas inúmeras entrevistas no Congresso, Aécio deixou claro que seu interesse maior é o de permanecer no PSDB, onde adianta que não aceitará a idéia defendida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de compor uma chapa com Serra. - O PSDB saiu das eleições deste ano como principal alternativa de poder e pólo aglutinador da oposição. Nossas chances (para 2010) são enormes, se tivermos juízo e também desprendimento. Antes de qualquer definição, temos de ter um projeto para o país, uma bandeira nova, sem personalismo. Mas é claro que esse projeto passa pela nossa unidade - discursou.
Diante do clima de campanha, Aécio não hesitou em criticar duramente os tropeços do governo Lula no campo ético e condenou o aumento dos gastos do Executivo, especialmente com a criação, só este ano, de 85 mil cargos. E acrescentou: - A vitória do PSDB é vital para o país. Não podemos ter mais quatro ou oito anos do que está aí.
Quando Aécio iniciou seu périplo pelo Senado, onde conversaria com o presidente da Casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN), foi discretamente avisado que Serra acabara de pedir também uma audiência. O governador paulista, porém, acabou mudando de trajeto. Passou primeiro no Ministério da Defesa e, só depois, foi ao Senado. Mas, em vez de ir ao encontro de Garibaldi, parou no gabinete do presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e com isso acabou evitando o encontro com Aécio.
Serra saiu do gabinete de Guerra sem querer falar de política. Limitou-se a elogiar a aprovação ontem de um projeto de lei que regulamenta a videoconferência para interrogatório de réus presos. Depois, fez quase o mesmo percurso de Aécio: reuniu-se com o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), e com os deputados tucanos.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
SEM ENTENDER

Novos eleitores
Marcos Coimbra
Quando se fazem balanços sobre as eleições, a atenção costuma se voltar para dentro do sistema político. Interessa saber quem se fortaleceu e quem diminuiu de tamanho, quem larga melhor para as eleições seguintes e quem tem problemas para resolver. É o que estamos vendo, nos últimos dias, na cobertura da imprensa a respeito da eleição municipal recém realizada. De modo geral, ela tem procurado identificar quem saiu delas maior para as eleições presidenciais de 2010, que partidos cresceram e que candidatos mais se beneficiaram.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
PARA BOI DORMIR

Aécio sabe que o PMDB não é confiável. Mira nos exemplos de Itamar Franco em 1998 e Garotinho em 2006 que sequer conseguiram a chapa para candidatura presidencial. E, mesmo se tivessem conseguido, não teriam o partido fechado com eles.
O interessa nesse caso para Aécio é aumentar seu cacife dentro do PSDB. É uma forma de dizer aos tucanos que dependendo da forma que for tratado internamente poderá se lançar por outro partido. Isso amedronta o tucanato, já que além de fragilizar a candidatura de José Serra, significaria a presença de um candidato alternativo com bom potencial.
Por outro lado, o PMDB com isso dá uma esnobada na corte petista ao mostrar que há alternativas para 2010. E com isso, pode vir mais alguns cargos, verbas... Tudo o que o PMDB mais gosta.
Congresso organiza ‘infidelidade’
Dois projetos estabelecem as regras para troca de partido em período pré-eleitoral
Márcio Falcão
Os governistas começaram a articular pelos corredores da Câmara a votação de matérias que flexibilizem a fidelidade partidária. São duas as alternativas: um projeto do deputado Flávio Dino (PCdoB-MA), pronto para ir ao plenário, ou a proposta de reforma política apresentada pelo Palácio do Planalto que está em consulta popular e faz parte das prioridades do Congresso para 2009. O empenho dos parlamentares tem um motivo especial: a disputa eleitoral de 2010.
As matérias são parecidas e estabelecem um prazo – chamado de janela – para o troca-troca de partidos entre os políticos brasileiros. O projeto do deputado foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e abre uma janela de 30 dias para uma nova filiação partidária, sem punição, durante o mandato. Pela proposta, as trocas poderão ser feitas no mês de setembro que anteceder ao ano da nova eleição.
O projeto permite que políticos eleitos mudem de partido para concorrer desde que na mesma circunscrição eleitoral (nacional, estadual ou municipal). Um deputado, por exemplo, não poderá trocar de legenda para disputar uma eleição municipal. Ou um governador, caso se candidate à Presidência da República.
No texto do governo, que foi elaborado pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria de Relações Institucionais, o prazo para a mudança de legenda é ainda mais flexível. São 30 dias antes do prazo de filiação (seis meses) para disputar a eleição. Hoje, pela resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que definiu que o mandato pertence aos partidos e abriu guerra contra a mudança indiscriminada de siglas, os parlamentares podem deixar a legenda que não cumpriu seu estatuto e programa, quando houver perseguição interna ou criação de novo partido.
Os peemedebistas são os mais entusiasmados com as propostas. Depois de deixarem as urnas na disputa eleitoral com 1,2 mil prefeituras, 12 mil vereadores e 35 milhões de votos, pensam em atrair novos nomes para os quadros do partido, como o governador de Minas Gerais, aécio Neves, apontado como uma das principais alternativas para o pmdb se lançar na sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
– A fidelidade partidária não pode ser um engessamento definitivo, ou seja, não é porque o cidadão, eleitor ou candidato, entra num partido que ele nunca mais pode sair – diz o presidente do pmdb, deputado Michel Temer (SP). – O que não deve ser permitido é alguém se eleger e mudar de partido imediatamente.
Entre os 14 partidos da base do governo, a maioria defende um fidelidade mais branda.
– Somos a favor da fidelidade partidária – declara o deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ). – O mandato é do partido. Dificilmente um deputado vai conseguir atingir o coeficiente eleitoral necessário. Esses projetos garantem o devido processo legal. A resolução (do TSE) é inconstitucional. O Congresso é quem tem que legislar.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
NÚMEROS QUE ENGANAM E O PMDB

Uma das poucas unanimidades entre as análises políticas sobre as eleições municipais foi o fortalecimento do PMDB. Junto com esta constatação vem uma série de números que olhados superficialmente podem impressionar. Entretanto, algumas ponderações devem ser feitas. Segue um resumo de interessantes números citados pelo colunista Marcos Coimbra no Correio Braziliense em 02 de novembro.
NÚMEROS QUE ENGANAM E O PMDB (2)

Continua...
A análise de Marcos Coimbra dos números baianos é que mais surpreende. Bem-sucedido na conquista do espólio de ACM, o ministro Gedel Vieira Lima, líder inconteste do PMDB baiano, aumentou o patrimônio do partido em 94 prefeituras passando das 20 de 2004 para 114 nas últimas eleições.
O detalhe é que antes das eleições o PMDB já estava com 120 prefeitos. Grande maioria desses atraídos pelas gordas verbas do Ministério da Integração Nacional comandado pelo ministro baiano. Depois de abertas as urnas, o PMDB na verdade ficou estável com uma leve queda (de 120 para 114). Conclusão: o aumento não teve nada de vitórias eleitorais, mas sim da orfandade das prefeituras antes carlistas que migraram em massa antes das eleições para o campo do novo cacique. (Veja gráfico à direita)
Voltando ao significativo número de 144 prefeituras a mais do PMDB nacional em 2008 (post anterior), percebemos que mais de 65% do total (o “plus” baiano de 94 prefeituras) deve-se simplesmente a um rearranjo político local. O declínio de uma oligarquia com a morte de ACM, seu maior líder, foi o grande agente do crescimento do PMDB em 2008.
Continua...
NÚMEROS QUE ENGANAM E O PMDB (3)
Alguns devem logo citar o fato que PMDB venceu em seis capitais. Primeiro: o partido já possuía cinco capitais e o crescimento para seis não pode ser considerado como algo extraordinário em uma eleição marcada pelo bom momento da economia e sua conseqüente tendência para a continuidade. Outro ponto: o PMDB foi grande beneficiário da migração de políticos de outros partidos para suas “hostes” (o prefeito Djalma Fogaça em Porto Alegre, Dario Berger em Florianópolis etc). E aí chegamos ao ponto mais importante: a que se deveu esse movimento?
A migração na maior parte dos casos se deveu simplesmente ao fato do PMDB ser o “menos partido” dos já poucos sólidos partidos brasileiros. O político que ambiciona liberdade de pular de lado a toda hora, de acordo com suas conveniências locais e sem compromisso com uma base programática não pode achar um lugar mais acolhedor que a “geléia peemedebista”. Seus ideais variam de acordo com a região, as alianças e os projetos de seus cardeais. É claro que há honrosas exceções, mas o grande trunfo peemedebista para sua manutenção como importante partido brasileiro é justamente não agir como agremiação partidária que deveria ser.
A partir de agora sempre surgirão entrevistas e análises prevendo uma candidatura própria do PMDB. Isso, apesar de pouco provável, até pode acontecer. Entretanto uma coisa é certa: os caciques sempre estarão prontos para usar a “flexibilidade doutrinária” peemedebista para embarcar em candidaturas mais competitivas.
A ironia é que uma eventual vitória do PMDB para presidente poderia fortalecer em excesso o partido, enfraquecendo seu grande trunfo de “não-partido”, o qual garante os passos livres de seus chefes e serve como atrativo para políticos personalistas atraídos pela liberdade de ação que o partido hoje oferece.
Confiando no DNA peemedebista, o cabo-de-guerra entre os blocos lulista e tucanos-democratas pelo PMDB deve se acirrar a partir do início de 2009. Seus caciques logo cuidarão de confirmar esta tese e se dividirão nas duas canoas.
Nenhum dos dois lados deve sonhar com a companhia de um PMDB unido e integral. Os grandes troféus na verdade são a coligação formal com o partido (e com ela o precioso tempo de televisão para 2010) e o apoio de setores com grande peso eleitoral como o Governador Sérgio Cabral, o Ministro Gedel Vieira Lima e o PMDB gaúcho do Prefeito de Porto Alegre Djalma Fogaça e do Senador Pedro Simon.
Já, após 2010, o problema é outro. Atrair o partido é fácil. O difícil é contentar o apetite de todos os chefes regionais.
domingo, 2 de novembro de 2008
PISTA LIVRE NO PT

De toda forma, Dilma e a força de Lula não devem ser subestimadas. Caso o Brasil não sinta tanto os efeitos da crise, a ministra já terá um discurso de continuidade pronto para as eleições. Não custa lembrar que isso muitas vezes é mais valioso que um candidato “pronto”. Sem argumentos, é mais difícil convencer o eleitor para seguir o caminho da mudança.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
PRIMEIRO ROUND

Seguem alguns pontos de vista que ficaram em segundo plano e merecem maior destaque no primeiro round rumo a 2010:
- A prefeitura de São Paulo já pertencia ao bloco PSDB-DEM. Diante de uma análise fria do processo eleitoral, a vitória de Marta Suplicy parecia muito difícil. Seja pela rejeição à candidata ou pela tendência geral desta eleição ao continuísmo.
Gilberto Kassab faz um governo bem avaliado e o natural era sua reeleição ou até mesmo a vitória de Geraldo Alckmin, ex-governador e que venceu Lula na capital paulista em 2006.
O tom de derrota arrasadora foi dado pelo próprio PT no discurso que montou há alguns meses. Para quem ia "tratorar" a oposição, uma derrota na maior cidade do país com 20% de diferença de votos tomou uma dimensão muito maior do que poderia ter.
- Proporcionalmente, o PSB, com os seus aliados PDT e PC do B, foi o bloco que mais cresceu nas últimas eleições. Porém, seu “dote” ficou pequeno para 2010 em comparação ao PMDB, a “noiva” da vez.
O chamado bloquinho (PSB-PDT-PC do B), além de perder a condição de aliado preferencial dos petistas e de sonho de consumo dos tucanos, fica sem um rumo certo para a eleição presidencial.
Apesar de ter um candidato bem colocado nas pesquisas, Ciro Gomes, ninguém aposta que o PSB e cia tenham fôlego para uma disputa contra o PSDB-DEM, PT ou PMDB pelo Planalto nas próximas eleições.
- Embora tenha vencido o troféu mais cobiçado das eleições, a prefeitura de São Paulo, o DEM sofreu significativa desidratação nas eleições de 2008. Em um partido com vários caciques sem tantos votos, Gilberto Kassab e ACM Neto surgem como importantes figuras entre os Democratas.
Enquanto Kassab é o responsável pela maior vitória do partido em um estado onde ele nunca teve força, ACM Neto, em sua primeira eleição majoritária, obteve significativa votação em Salvador. Com menos de 30 anos, o herdeiro de ACM é uma aposta do DEM que dias melhores virão. Se possível, com uma nova hegemonia na Bahia.
- A vitória de seu fiel aliado Gilberto Kassab para a prefeitura paulistana foi para muitos a grande vitória de Serra. Porém, não foi o triunfo de Kassab em São Paulo o seu grande “gol” e sim a aliança construída para o prefeito democrata se reeleger.
Ao se aliar com Quércia e o PMDB-SP, Serra trouxe para si uma parte importante do partido visto como mais próximo de seu “inimigo íntimo” Aécio Neves. De quebra, ainda selou a preferência do DEM por seu nome contra o do governador mineiro. E para finalizar, tirou de Geraldo Alckmin, potencial apoiador de Aécio, a condição de importante player no processo interno de escolha do candidato tucano a 2010.
- Aécio Neves teve que suar a camisa para eleger seu “poste” Márcio Lacerda em Belo Horizonte. Mais que os erros na campanha ou a falta de expressão do candidato, sua tese da convergência PSDB-PT não mostrou ter tanta força junto ao eleitorado.
Por outro lado, Aécio que tem o desconhecimento do eleitor fora de Minas Gerais como sua maior fraqueza no jogo contra Serra, ganhou projeção nacional e deu uma dimensão à eleição de BH que ela nunca teve. E mais importante: desalojou o PT do comando de BH, já que Lacerda é antes de tudo aecista.
O PT, que em qualquer cenário para 2010 é rival do tucano no estado, sai rachado e pode perder o Prefeito Fernando Pimentel para algum partido "satélite" a Aécio. Não duvide do grande trunfo do governador mineiro contra Patrus Ananias na luta pelo governo mineiro em 2010 sair das próprias linhas petistas.