
Seguem alguns pontos de vista que ficaram em segundo plano e merecem maior destaque no primeiro round rumo a 2010:
- A prefeitura de São Paulo já pertencia ao bloco PSDB-DEM. Diante de uma análise fria do processo eleitoral, a vitória de Marta Suplicy parecia muito difícil. Seja pela rejeição à candidata ou pela tendência geral desta eleição ao continuísmo.
Gilberto Kassab faz um governo bem avaliado e o natural era sua reeleição ou até mesmo a vitória de Geraldo Alckmin, ex-governador e que venceu Lula na capital paulista em 2006.
O tom de derrota arrasadora foi dado pelo próprio PT no discurso que montou há alguns meses. Para quem ia "tratorar" a oposição, uma derrota na maior cidade do país com 20% de diferença de votos tomou uma dimensão muito maior do que poderia ter.
- Proporcionalmente, o PSB, com os seus aliados PDT e PC do B, foi o bloco que mais cresceu nas últimas eleições. Porém, seu “dote” ficou pequeno para 2010 em comparação ao PMDB, a “noiva” da vez.
O chamado bloquinho (PSB-PDT-PC do B), além de perder a condição de aliado preferencial dos petistas e de sonho de consumo dos tucanos, fica sem um rumo certo para a eleição presidencial.
Apesar de ter um candidato bem colocado nas pesquisas, Ciro Gomes, ninguém aposta que o PSB e cia tenham fôlego para uma disputa contra o PSDB-DEM, PT ou PMDB pelo Planalto nas próximas eleições.
- Embora tenha vencido o troféu mais cobiçado das eleições, a prefeitura de São Paulo, o DEM sofreu significativa desidratação nas eleições de 2008. Em um partido com vários caciques sem tantos votos, Gilberto Kassab e ACM Neto surgem como importantes figuras entre os Democratas.
Enquanto Kassab é o responsável pela maior vitória do partido em um estado onde ele nunca teve força, ACM Neto, em sua primeira eleição majoritária, obteve significativa votação em Salvador. Com menos de 30 anos, o herdeiro de ACM é uma aposta do DEM que dias melhores virão. Se possível, com uma nova hegemonia na Bahia.
- A vitória de seu fiel aliado Gilberto Kassab para a prefeitura paulistana foi para muitos a grande vitória de Serra. Porém, não foi o triunfo de Kassab em São Paulo o seu grande “gol” e sim a aliança construída para o prefeito democrata se reeleger.
Ao se aliar com Quércia e o PMDB-SP, Serra trouxe para si uma parte importante do partido visto como mais próximo de seu “inimigo íntimo” Aécio Neves. De quebra, ainda selou a preferência do DEM por seu nome contra o do governador mineiro. E para finalizar, tirou de Geraldo Alckmin, potencial apoiador de Aécio, a condição de importante player no processo interno de escolha do candidato tucano a 2010.
- Aécio Neves teve que suar a camisa para eleger seu “poste” Márcio Lacerda em Belo Horizonte. Mais que os erros na campanha ou a falta de expressão do candidato, sua tese da convergência PSDB-PT não mostrou ter tanta força junto ao eleitorado.
Por outro lado, Aécio que tem o desconhecimento do eleitor fora de Minas Gerais como sua maior fraqueza no jogo contra Serra, ganhou projeção nacional e deu uma dimensão à eleição de BH que ela nunca teve. E mais importante: desalojou o PT do comando de BH, já que Lacerda é antes de tudo aecista.
O PT, que em qualquer cenário para 2010 é rival do tucano no estado, sai rachado e pode perder o Prefeito Fernando Pimentel para algum partido "satélite" a Aécio. Não duvide do grande trunfo do governador mineiro contra Patrus Ananias na luta pelo governo mineiro em 2010 sair das próprias linhas petistas.